Quando a Aflição Bate à Porta
por Norma De Marchi Assunção
Às vezes,
sem que a gente espere,
ela chega devagar…
sem nome, sem forma, sem convite.
É a aflição...
Nem grita alto.
Porém pesa.
Aperta o peito, umedece os olhos,
desalinha os pensamentos.
É como se o coração procurasse algo…
E nem soubesse bem o quê...
Na linguagem da alma,
a aflição é o sussurro da vida dizendo:
“Tem algo dentro que precisa ser olhado com carinho.”
Nem é fraqueza, é sensibilidade.
Nem é desespero, é profundidade.
Ela quer colo em vez de solução.
Jesus disse:
“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
Como quem nos ensina que a dor existe, sim.
Porém, que ela pode ser atravessada com fé, com amor e com confiança em algo maior.
A filosofia estoica nos lembra:
A aflição nasce do desejo de controlar o que não depende de nós.
Soltar o controle…
Aceitar o fluxo…
e voltar ao centro:
É isso que nos devolve a paz.
A psicologia junguiana nos diz:
A aflição pode ser o inconsciente nos chamando.
Um sintoma sutil.
Um sonho acordado.
Uma antiga ferida querendo ser curada.
“Aquilo que você não traz à luz da consciência, governará sua vida e você chamará isso de destino.”
E então a alma sussurra:
“Não me negue… me acolha.”
“Sou parte da travessia.”
“Sou a serpente mudando de pele…
o outono antes da primavera.”
Aflição é o grito antes do silêncio.
A chuva antes do renascimento.
E quando você respira,
fecha os olhos
e diz suavemente:
“Sim… isso também faz parte.”
…ela começa a se dissolver.
Você é maior do que qualquer aflição.
Porque em você mora o amor.
E o amor quando aceito, sentido e vivido,
cura tudo.
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